Candeeiro de pé alto antigo em talha dourada Portuguesa

Candeeiro de pé alto antigo em talha dourada Portuguesa

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Descrição

Candeeiro de pé alto antigo em talha dourada Portuguesa

A talha em Portugal é das expressões artísticas, juntamente com o azulejo, de carácter mais original e abundante. Está normalmente ligada à decoração interna de igrejas e catedrais, mas também faz parte da decoração de salões nobres em palácios e grandes edifícios públicos. A talha dourada destaca-se, principalmente através dos impressionantes conjuntos retabulares na maioria das igrejas portuguesas. Desenvolve-se a partir da época gótica, assumindo características nacionalistas durante o século XVII e o esplendor máximo durante o reinado de D. João V. Noséculo XIX vai perdendo significado, torna-se cópia de modelos passados, e acaba por desaparecer com o fim dos revivalismos.

A talha dourada é um modo muito impressionante e relativamente simples de transformar um espaço num local de luxo e ostentação pois a madeira é facilmente esculpida e coberta com folha de ouro. O resultado adapta-se ao gosto da época, é mais barato e mais impressionante do que recorrer a outros tipos de decoração, tecnicamente mais exigentes, como a escultura ou a pintura. Os custos da estrutura decorativa ficam aquém do valor necessário para o mesmo trabalho noutro suporte (excepto o azulejo), porque a quantidade de ouro necessária é relativamente pouca. Não é necessário os artistas possuírem a formação específica de um escultor ou de um pintor, atingindo um resultado final surpreendentemente bom e barato. As formas decorativas são retiradas da arquitectura e dos tratados que circulam pela Europa divulgando as novidades na arte, mas durante o século XVII desenvolvem um vocabulário tipicamente português. Ao ser transportada para os vários locais do império adapta-se às formas e aos artistas locais como é visível no Brasil ou no oriente.

É muito usual o artista entalhador responder a encomendas regionais que garantem a actividade da sua oficina, fazendo, por vezes, vários trabalhos próximos numa determinada área geográfica. Chegaram até nós exemplos verdadeiramente notáveis, confirmando o prestígio dos criadores de magníficas “máquinas” retabulares de norte a sul de Portugal. Apesar de na época não serem considerados verdadeiros escultores o resultado final nega, frequentemente, esta ideia. Existem, também, exemplos policromos, brancos ou em madeira natural, mas sem o impacto visual da talha dourada. A sua associação à pintura ou ao azulejo permite tornar os programas decorativos mais complexos aumentando ou diminuindo o preço da empreitada.

A sucessão de D. João V é assegurada pelo seu filho D. José. A abundância de recursos mantém a política de esplendor e ostentação, graças aos diamantes e metais preciosos do Brasil, permitindo uma arquitectura de luxo, bem como programas decorativos modernos, seguindo o gosto da época. Apesar de ser uma época de esplendor, o rococó em Portugal é marcado pela pior catástrofe natural do país e uma das piores acontecida na Europa – o terramoto de 1755.

A talha rococó subdivide-se em várias correntes ou estilos paralelos e regionais, o que lhe permite manter uma grande variedade e originalidade, de norte a sul de Portugal. É difícil classificar todas estas variações, porque todas são claramente rococó, sendo no entanto possível, definir as principais tendências, baseadas em alguns elementos estilísticos mais utilizados. Concheados, anjos, volutas, folhas de acanto, puti, colunas, colunas pseudossalomónicas, materiais fingidos e dourados são o vocabulário formal presente. Assim encontram-se duas grandes tendências na zona de Lisboa. Algumas obras, de claro sabor palaciano, giram em torno da casa real, caracterizadas pela elegância e qualidade dos motivos decorativos. Nota-se, ainda, influências da talha joanina, mas com o vocabulário rococó, e da famosa capela de São João Baptista na Igreja de São Roque em Lisboa, repleta de pedras semipreciosas. Destacam-se várias obras da abundante produção, nomeadamente as seguintes:

  • Capela do Palácio Nacional de Queluz – Com materiais fingidos simulando mármores coloridos, alguma talha dourada, muito elegante e de sabor clássico. É um conjunto muito colorido.
  • Altar principal do Convento da Madre de Deus em Lisboa – De influência joanina, mantém tribuna e trono, possui o vocabulário típico do rococó, colunas de sabor clássico, menos pesado que o barroco, elegante e requintado. É completamente dourado e está muito bem integrado no conjunto absolutamente notável de talha dourada e azulejo doséculo XVIII.

Em simultâneo, ainda em Lisboa, as igrejas pombalinas desenvolvem outra tipologia diferente das anteriores. Seguem o espírito da reconstrução pós terramoto, sendo constituídas por materiais prefabricados, fora da cidade, e montados no local da obra. São edifícios com decoração interna seguindo as formas do rococó, materiais fingidos em madeira e estuque, mantendo tribuna e trono no altar principal, colunas, formas arquitectónicas, poucos dourados, alguma pintura (destacam-se as obras de Pedro Alexandrino de Carvalho) e escultura. Os espaços são agradáveis, suaves, luminosos e, apesar da construção pré-fabricada, bem ao gosto rococó. Destacam-se as seguintes edificações:Igreja de Santo António de Lisboa (no local onde nasceu Santo António), Igreja da Encarnação, Igreja da Madalena , Basílica de Nossa Senhora dos Mártires e muitas outras. Mantendo o vocabulário estético e elementos decorativos pré-fabricados houve a preocupação de as individualizar. Em edifícios menos destruídos tentou-se harmonizar as formas pombalinas com a decoração existente.

A ultima corrente presente em Lisboa é de carácter profano e clara influência francesa. Caracteriza-se por sumptuosas decorações palacianas, em talha e estuques dourados ou simulando materiais, bem ao gosto da aristocracia, seguindo a moda francesa, de onde se destaca a sala do trono do Palácio Nacional de Queluz.

Na zona de Coimbra existe uma escola regional iniciada com o retábulo principal da Igreja do Mosteiro de Santa Cruz. São estruturas, sem dúvida, rococó, com características originais próprias, onde a influência pombalina é evidente, nos marmoreados, colunas, tribuna e trono. Em simultâneo ainda fazem lembrar a talha “Joanina”, principalmente no remate superior, com frontões recortados e anjos de carácter escultórico.

No norte de Portugal desenvolve-se um conjunto impressionante de retábulos rococó, mas de características diferentes dos acima referidos, por terem fundido este gosto com o esplendor “Joanino”, de grande qualidade e originalidade. Completamente dourados, associados a pintura ou escultura, construídos com todo o vocabulário do estilo, e sem as referencias existentes na zona de Lisboa. Na zona de Braga, graças à obra de André Soares evidencia-se outra escola regional de grande qualidade e variedade. A cor e os dourados convivem, em conjuntos de grande elegância e qualidade. Por vezes já existem pequenas notas clássicas mostrando influências ou anunciando o Classicismo que se aproxima. No norte de Portugal destacam-se, entre muitas outras, as seguintes obras:

No sul de Portugal a talha é menos frequente devido ao facto de os mármores serem muito abundantes e, em consequência, não ser necessário desenvolver estruturas em madeira a imitá-los. No entanto existem exemplos notáveis no Alentejo e Algarve, de características diferentes do restante país. Esta originalidade é visível nomeadamente emÉvora, destacando-se no sul os seguintes exemplos:

É fundamental nova referencia à talha dos coches de aparato desta época. O reinado de D. Maria I produz os últimos exemplares de coches de grande aparato, na tradição barroca mas seguindo o gosto rococó, actualmente no Museu Nacional dos Coches em Lisboa.